Por Luiza Pontiens
Essa é a versão original enviada pela autora e difere do texto da revista no qual foi feito edição.
O Macramê é um tipo de tecelagem manual, onde precisamos apenas das mãos e do material/fio escolhido para tecer algo. Essa arte se originou na pré-história, quando as primeiras comunidades humanas começaram a desenvolver maneiras de se agasalhar, e proteger ou armazenar seus alimentos. As amarrações de fios descobertas nessa época eram feitas com fibras vegetais (algodão, cânhamo, juta, sisal ou linho) e animais (lãs), e acabaram originando processos de fiação e diversas técnicas de tecelagem (macramê, tricot, crochet).
Como toda sabedoria antiga, há algumas versões sobre sua origem, há registros muito antigos na Turquia, China e Egito, mas parece que a técnica teve destaque com os árabes medievais. O que ninguém tem dúvida é que foi difundida por marinheiros, que usavam suas longas viagens pra criar novos nós e confeccionavam produtos (xales, cintos, bolsas, utensílios de pesca, etc) tanto para uso pessoal, quanto para venda e troca nos portos das cidades que paravam. No Brasil, o Macramê chegou pelos colonizadores portugueses e por isso, há quem tenha ouvido ser chamado de “bróia” ou “brolha”, como a técnica era apelidada em Portugal.
A palavra macramê significa “nó” e se indica que veio por conta dos tecelões turcos que faziam franjas trabalhadas em toalhas barradas, na palavra Migramach, significado “tecido com franjas, tramas ornamentais”.
Nos anos 1970, o movimento hippie dos EUA retomam a técnica. E aí que você talvez lembre da casa da sua avó, ou da sua mãe, ou da senhorinha que morava naquela casa de esquina no fim da sua rua… Nessa época, podíamos encontrar o macramê principalmente em suportes de plantas, feitos em cordões normalmente de juta ou sisal, carregando frondosas samambaias que eram a inveja da rua. Ou nos famosos barrados de toalhinhas, feitas por artesãs, cheias de paciência, trançando aqueles cordões fininhos e com certeza levando bastante tempo pra criar quase uma obra de arte que ia para o lavabo das “visitas”.
De alguns anos pra cá, a técnica começou a dar as caras com uma pegada mais contemporânea. Aparições de tapeçarias de parede e os suportes de planta reinventados, principalmente com o cordão de algodão.
Já mais difundida e com material didático facilmente encontrado na internet, acredito que interessados em trabalhos manuais, para uso profissional ou não, tem se encorajado a experimentar e criar diferentes tipos de projetos.
São incontáveis os “objetos” finais que podem ser encontrados tanto no Brasil quanto no mundo todo. Painéis decorativos, suportes pra plantas, acessórios, vestuário, chaveiros, bolsas, sapatos, cortinas, instalações de arte, utilitários, móveis e a lista continua sendo diversificada.
Hoje em dia, conseguimos inclusive começar a identificar vertentes diferentes dentro da técnica, como o estilo Boho/Hippie, mais carregado na variedade de nós e formatos de bandeira, ou criações minimalistas e conceituais, e não por isso menos elaboradas. (Exemplos aqui classificados totalmente ao meu ver, e quem sabe mais pra frente, oficialmente denominadas pra que eu possa falar com mais propriedade). rs
Eu, Luiza, chego nessa história alguns anos atrás, quando o Macramê começa a voltar em evidência, e quando acabei encontrando nos trabalhos manuais uma nova maneira de criar, compôr e me expressar... Aprendi tapeçaria, macramê, encadernação e várias técnicas artesanais, mas usar as mãos era essencial, absurdamente terapêutico e, assumo, muito viciante! Hoje, tenho um ateliê de criação e produção chamado Mentha, e uso as técnicas de tapeçaria e macramê para fazer itens de decoração.
No meu dia a dia, sou extremamente inspirada por cores, pela natureza e pela minha bagagem trabalhando muitos anos como fotógrafa. Gosto muito de “sair da caixinha” e de encontrar maneiras de diversificar uma técnica já muito explorada, mas ainda cheia de possibilidades. O reaproveitamento de materiais e cuidado com o “lixo” gerado é extremamente importante na minha produção, arremates são sempre guardados e aproveitados em próximos projetos. Sou exploradora de armarinhos antigos, (quanto maior a bagunça, melhores os achados), “sacoleira moderna” profissional (porque nunca consigo escolher um fio só e acabo com mais sacolas que imaginei. Além de sempre andar com uma ecobag com algum projeto em andamento.) e, quando consigo, acho um tempinho para dar oficinas de Macramê para iniciantes (que normalmente acabam sendo maravilhosas trocas de boas energias entre mulheres).
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