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Atualizado: 27 de abr. de 2023


Mônica Lóss – Carnação – #autorretrato I, 2022, da série Rasgo. Fotografia | Impressão em papel algodão com pigmento natural. 45 x 60 cm (cada), edições 1/10 + P.A.


No percurso artístico que venho desenvolvendo, a investigação por materialidades e procedimentos têxteis é geralmente o ponto de partida de meu trabalho. Digo geralmente, pois essa questão nem de perto chega a ser uma regra exata, já que, mesmo que a maioria dos trabalhos extrapolem a esfera do têxtil para acontecerem em outras mídias como fotografias, vídeos, performances e instalações, as construções têxteis não deixam de existir. de serem produzidas, tendo um espaço importante no corpo de trabalho.

Alia-se a isso, o interesse por explorar a carga de memória real ou inventada que habita nos materiais que utilizo: roupas, retalhos de tecidos, pequenos objetos e embalagens provenientes de doações, acúmulos ou descarte que se constituem como uma estratégia para interferir no destino e na permanência das coisas no mundo.

Gosto muito da fala de Sonia Gomes, uma das artistas que é referência para o meu trabalho ao dizer que:


Os artigos têxteis se lembram. Não se trata de algo que necessariamente pedimos que façam, ou que podemos evitar que aconteça. Eles se lembram e pronto. E a memória têxtil é absolutamente democrática: momentos de alegria e tragédia são gravados na superfície e tornam-se parte da estrutura do tecido, sem permissão e frequentemente de forma não intencional. Os tecidos se lembram, em parte, porque são reféns de sua própria fragilidade. Ao contrário do metal ou da pedra, o tempo de vida do tecido não é diferente do de nossos próprios corpos: o novo é gradualmente substituído pelo uso e desgaste, até ficar velho e puído. (GOMES in CARNEIRO, 2018, p. 76)

E eu não poderia estar mais de acordo com essa reflexão de Sonia, principalmente pela relação que ela estabelece entre os tecidos e os corpos, seus ciclos de existência, passagem, permanência e resiliência.


Neste caminho, investigar o têxtil enquanto campo prático, teórico e de saberes relacionados ao feminino e também, à bagagem ancestral que a ele está impregnado vem conduzindo a observação mais atentamente de alguns aspectos sobre a dimensão ritualística que envolve os fazeres manuais e as práticas de repetição.

Tenho interesse em pensar a relação desencadeada pelo fazer continuo, em que o corpo, através das mãos executa movimentos que se repetem, mas que, no meu caso, não são decorrentes de um processo de reprodução, já que não sigo receitas ou modelos pré-definidos. Neste processo, exploro as práticas de reinvenção como parte importante na reflexão dos processos têxteis como um caminho que entrelaça memórias, afetos e conhecimentos.


Da mesma forma, são tensionadas relações entre o feminino e o doméstico, noções de identidade e não pertencimento e a existência de corpos ficcionados para criar fabulações sobre outras naturezas. Há algum tempo venho explorando questões envolvendo o corpo entrelaçado ao têxtil e com mais frequência, vem sendo um elemento recorrente em minha pesquisa, aparecendo de formas distintas em meu trabalho.


Por um lado, está o corpo subentendido, que não está presente, mas que conseguimos intuir que ele foi necessário para a produção do trabalho. Um corpo invisível, que é presença pelos vestígios que produziu. Um corpo-ferramenta, que é o elo entre a ideia e a materialidade. Por outra parte, nessa mesma direção, existe o interesse em pensar no corpo em partes, onde mão, cabeça ou órgão adquirem protagonismo, seja ele formal ou conceitual, real ou ficcionado, tratado como um elemento explícito ou então, de cunho intimista e pessoal.


E ainda, um terceiro prisma, em que o corpo é entendido como uma extensão, uma continuidade da peça têxtil, a tal ponto que não pode ser separado desta. Um corpo-escultura, que não se apresenta através de uma forma definida, definitiva e reconhecível.



Mônica Lóss – Carnação – #autorretrato II, 2022, da série Rasgo. Fotografia | Impressão em papel algodão com pigmento natural. 45 x 60 cm (cada), edições 1/10 + P.A.


Mônica Lóss – Carnação – #autorretrato III, 2022, da série Rasgo. Fotografia | Impressão em papel algodão com pigmento natural. 45 x 60 cm (cada), edições 1/10 + P.A.


Corpo-casa, corpo-território, corpo-refúgio, corpo-prisão. Corpo-mulher, corpo-bicho. Corpo-papel, tecido, linhas e trapos. Corpo-sem órgãos, corpo-sem corpo um “corpo-“ que pode ser muitas coisas, assumir diferentes formas e até mesmo, possuir uma forma que não seja de um corpo, sem limites e delimitações.


Neste ponto, poderia considerar o dito até aqui e falar de algum de meus trabalhos em que a relação entre o têxtil e o corpo estivesse mais evidente, no entanto, opto por falar de um trabalho recente em relação a estas questões e que me parece pertinente tratar.

Carnação é um trabalho que pertence à Série Rasgo, pesquisa que venho desenvolvendo desde 2018. Esta série se constitui por tecelagens produzidas em um tear de pregos de 160 x 180 cm em que utilizo materiais provenientes do uso doméstico, sendo eles tecidos de lençóis, fronhas ou colchas, ainda, jogos americanos, “jogos de cozinha”, toalhas de mesa e panos de prato que são rasgados e transformo em fio para servirem de matéria para construir as tramas.


O ato de rasgar as coisas da casa, artigos pertencentes a esse lugar quase sacralizado como espaço feminino e da vida privada tem um certo peso e leva acoplado um desejo de ruptura. Um processo de desmanchar coisas que já não possuem mais “utilidade” ou não são mais queridas, para transformá-las em outras coisas. “Desfazer para refazer” não é somente uma etapa de transformação do material, que é importante também, já que implica em responsabilizar-se com aquilo que se acumula, com hábitos de consumo e sobretudo, o descarte daquilo que já não serve.


Mas além disso, ainda, dialoga com questões internas que carrego acerca da construção do feminino e da necessidade de luta constante para uma existência mais justa e livre para as mulheres. Sonia Gomes traz outra reflexão sobre essa questão a qual considero importante compartilhar:


Como eu disse, o material que é o tecido te permite uma não limitação de tudo, e é totalmente essa liberdade que entendo como o feminino. Paradoxal, já que liberdade é tudo o que a mulher não teve. Acho que a não limitação é feminina, a possibilidade. Essa liberdade. E é exatamente isso tudo o que a mulher luta para ter, é tudo que socialmente ela não tem. (GOMES in CARNEIRO, 2018, p. 79).

As peças da série Rasgo são produzidas tendo presentes essas inquietações e ao mesmo tempo, anunciam um caminho muito pessoal e simbólico de construção de uma ruptura que inicia pelo material e conecta-se com o desejo de mudança. Elas são feitas de três em três e vão formando grupos ou famílias, como gosto de chama-las por fazer referência ao contexto doméstico de onde o material é proveniente.


Carnação é a primeira peça da série em que o corpo surge como um elemento em diálogo direto com o têxtil. Segundo o dicionário da língua portuguesa “Carnação” significa a cor da pele ou da carne humana, ainda, representação do corpo humano nu e com a cor natural. Não penso ter ouvido esta palavra anteriormente, até ela chegar para mim por meio de um sonho, o qual não lembro muito bem, mas que ao acordar, tinha nitidamente essa palavra na cabeça. A partir daquele momento adotei essa palavra para designar as peças que venho produzindo nesse grupo como se ela definisse perfeitamente o meu modo de pensar sobre esses trabalhos. Essa palavra já dizia algo por mim, mesmo antes de conhecer seu significado mas que para mim, indicava um lugar de existência, quase que onírico, de aconchego e passagem. Um lugar “entre” mundos, um lugar intuído, onde as naturezas são híbridas e estão em constante transformação. Corpo-carne, feito de entranhas que escapam pelas frestas, corpo-trama, feito de fios, cordas e tecidos que juntos vão compondo uma paisagem incerta, com formas infinitas que se atualizam e recombinam sem muita definição.



 

2 Me apoio aqui no conceito de “corpoescultura” formulado por Vera Pallamin referente à obra de Louise Bougeois de que o corpo passa a ser formulado como sujeito e objeto das obras. “Corpoescultura vai ao interior do interior, sediando-se na imaterialidade de um corpo profundo que desafia os perigos do olhar. Suas elaborações artísticas acionam um poder de acesso ao sensível feminino, com uma potência fecunda advinda de uma auscultação de si mesma, das entonações de suas memórias, de suas turbulências”. (PALLAMIN, 2006, p.108)


3 Referência ao “Corpo Sem Orgãos – noção de Antonin Artaud e retomada por Gilles Deleuze e Féliz Guattari. “A guerra aos órgãos e suas funções estabelecidas que aprisionam o corpo, por exemplo, em identidades fixas masculina e feminina: uma guerra aos órgãos que compõem organismos estruturantes.” (DE LAURENTIIS, 2017, p. 85)




Referências 

CARNEIRO, Amanda; FONSECA, Raphael (orgs). Sonia Gomes: a vida renasce/ainda me levanto. Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). São Paulo, MAC: Niterói: MASP, 2018. 

DE LAURENTIIS, Gabriela. Louise Bourgeois e modos feministas de criar. São Paulo: Annablume, 2017. 

PALLAMIN, Vera. Corpoescultura: o olhar, a metáfora, o abismo. Revista LOGOS Uerj, 2006. (Acessado em 20/01/2023 https://www.researchgate.net/publication/230808506_Corpoescultura_o_olhar_a_metafora_o_abismo)


Mônica Lóss é formada em Artes Visuais. Atualmente vive e trabalha como artista visual em Dallas, USA e nos últimos anos tem participado de exposições em diversas instituições no Brasil, Estados Unidos, México e Europa.

Mais informações em www.monicaloss.com


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Ana Flores Sem título da série Homem Não Chora, 2023

Bordado Livre à máquina

80 x 60 cm




Ana Flores (Porto Alegre/RS, 1962). Vive e trabalha em Porto Alegre. Bacharel em Artes Plásticas pelo Instituto de Artes da UFRGS (1999/2002), onde foi professora no Departamento de Artes Visuais (2005/2006). É mestre em Design e Tecnologia pela Escola de Engenharia e Arquitetura da UFRGS (2010/2012). Recebeu Prêmio Viagem no III Salão de Arte Postal, Casa 26, Porto Alegre/RS e Ball State University, Muncie, Indiana, EUA, em 1999.

Prêmio Açorianos com a exposição coletiva do Bando do Barro intitulada Colunas, em 2008. Prêmio Açorianos – Destaque em Cerâmica, com a individual Um Dia Entre Abril e Junho, Porto Alegre, em 2010. Participou da 10ª Bienal do Mercosul, no Memorial do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS, em 2015 e da exposição Queermuseu, no Santander Cultural, Porto Alegre, em 2017 e no Parque Lage, no Rio de Janeiro/RJ, em 2018. Entre 2015 e 2019, desenvolveu pesquisa em Arteterapia, com adolescentes infratores na FASE/RS, onde trabalhou como voluntária. Em 2021, foi selecionada para o Festival Arte como Respiro, do Itaú Cultural. Em 2022-2023, participou da exposição Fora das sombras, no MON, em /Curitiba. Tem obras em acervos públicos e particulares.

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Palavras-chave: Artes manuais têxteis, São Bernardo, Graciliano Ramos, Teatro do Oprimido.


Resumo: Bordados é um espetáculo livremente inspirado em São Bernardo, de Graciliano Ramos. A escolha por uma ambientação cênica construída por corporeidades e fios justifica-se pela pesquisa desenvolvida por Elisa Santos no bojo do grupo de pesquisa e extensão Teatro Ludos da Universidade Federal de Goiás - UFG. Em sua construção destacam-se duas personagens, Paulo Honório e Madalena, materializados em sistema coringa, de Augusto Boal e interpretadas por diversos graduandos e pós-graduando integrantes do grupo.


A concepção e ambientação cênica do espetáculo Bordados vem sendo pensada desde o ano de 2021, início da pesquisa ARTE DE FIBRA: Tecendo experiências artístico-pedagógicas com fios. Esta possui a intenção de conectar os eixos de ensino, pesquisa e extensão ao desafio de estimular a produção e a fruição artística e artesanal têxtil na formação dos integrantes do grupo de pesquisa e extensão Teatro Ludos da Universidade Federal de Goiás - UFG.

Nesse contexto, o grupo, coordenado e dirigido pela professora doutora Clarice Costa, estabeleceu o acolhimento necessário para que eu pudesse atuar com meu conhecimento e interesse pelo universo têxtil ao último desafio do coletivo, que tratava-se da montagem de um espetáculo cênico livremente inspirado na obra literária São Bernardo de Graciliano Ramos. Foi quando surgiu o desejo de unir e compartilhar as referências teóricas, os processos criativos e as discussões que estavam sendo concomitantemente oportunizadas pelo Instituto Urdume, ao propósito de criar, para o projeto do grupo Ludos, uma ambientação cênica e adereços têxteis que fossem corporificados a partir de procedimentos e experimentações com fios.

Da motivação e vivência gerada em paralelo nesses dois ambientes de pesquisa foi despertada a ideia para a cenografia do espetáculo Bordados. Os encontros com o Instituto Urdume me alimentaram com referências teóricas e conduções práticas que foram simultaneamente compartilhadas com os graduandos e pós-graduandos na linguagem teatral, possibilitando a construção de elos entre o artístico, o intelectual e a docência.



Partimos da ideia e estética do bordado e do sistema coringa de Augusto Boal para pensar sobre as estruturas opressoras engendradas na nossa sociedade e também sobre a potência expressiva contida nas técnicas têxteis, capazes de acionar o corpo, mobilizar afetos e evocar memórias. Representativo da experiência doméstica e feminina, o bordado possui um potencial simbólico instigante para aprofundar, discutir e problematizar temas que atravessam as vivências dos participantes desse projeto, como sugere o método teatral criado por Augusto Boal.

Na trama de Graciliano Ramos, destacam-se duas personagens, Paulo Honório, o narrador que decide escrever a sua história por meio de uma visão capitalista e dominadora após a morte de sua esposa, Madalena, uma professora com ideais libertários e de justiça. O texto utiliza-se de artifícios ficcionais para tratar da temática da espoliação e reificação do sistema capitalista e nele pode ser observado um sistema onde vigoram o poder e a opressão. Trata-se de um enredo que tem como plano de fundo a situação dramática do Nordeste brasileiro, afetado pelas secas periódicas, sobretudo as das primeiras décadas do século XX, que ocasionaram o êxodo rural, a pobreza generalizada e as tentativas de sobrevivência dos sertanejos nordestinos.

Essa obra foi o guia para reflexões sobre a complexidade das estruturas sociais brasileiras que geraram uma sociedade brutalizada e foi o argumento ideal para tratar sobre temas urgentes, tais como a presença ostensiva da violência no sistema patriarcal, o controle, a regulação dos corpos, o silenciamento e o apagamento das mulheres, bem como a contínua reprodução de discursos antiquados sobre os papéis de gênero que ainda circulam nos discursos oficiais hegemônicos.

Alguns artistas plásticos foram selecionados como referência visual por contestarem as hierarquias estéticas e sociais através de seus procedimentos e processos criativos e também pela materialidade têxtil em suas obras, como auxílio didático, nessa etapa foi utilizado o conteúdo da exposição Transbordar: Transgressões do bordado na arte (SIMIONI, 2020). Exemplos desses nomes foram: Arthur Bispo do Rosário, Leonilson, Hélio Oiticica, Ana Teixeira, Francis Alÿs, as Arpilleras, Rosana Paulino, Rosana Palazyan, Leticia Parente, Beth Moysés, Edith Derdyk, Tatiana Blass, Adrianna eu, Karen Dolores, entre outros.

Para a concretização do espetáculo, além de encontros virtuais realizados semanalmente, foram realizadas duas residências artísticas em Goiânia, na Universidade Federal de Goiás - UFG. A primeira, aconteceu nos dias 13, 14 e 15 de julho e no seu decorrer foram realizadas experimentações de partituras corporais com fios. Essa atividade ministrada por Edmilson Braga esteve aliada a uma proposta pedagógica de composição de corpos cênicos, inspirada nos princípios das diretivas das artes marciais russa e no Systema, na antropologia teatral de Eugenio Barba, e na técnica de improvisação teatral Viewpoints.

A princípio, foi realizada a manipulação dos fios, que tratavam-se de novelos de lãs coloridas e barbantes. Foi ensinado, sem auxílio de agulhas, o ponto da correntinha do crochê e o tricô de braço ao grupo. Essas técnicas serviriam como procedimentos experimentais, conectando o corpo ao material e à intenção de despertar a performatividade nos participantes.


Segundo a percepção do experimentador e integrante do grupo Teatro Ludos, Pedro Galdino,
O trabalho prático de tricô de braço cria uma espécie de contracena entre os membros. Seu manuseio se faz poético com as linhas envoltas nos corpos cênicos. Os nós dos fios que nos unem e nos amarram, confundem-nos.
Desatar o nó é necessário, para que outros nós possam ser feitos; Explorar o caminhar das personagens de São Bernardo em meio aos fios, tricotando, tecendo. (GALDINO, 2021).

O participante relatou a dificuldade inicial em pegar os primeiros pontos e a percepção de que a linha de lã não havia produzido um efeito tão interessante quanto o do barbante em algodão cru. Após esse encontro em Goiânia foi dada continuidade, em Brasília, individual e coletivamente a uma nova fase de exploração de diversos tipos de fios, chegando à decisão pela utilização do fio de malha, um material mais resiliente, elástico e que não cria atrito com o corpo.


Nos dias 16, 17, 18 e 19 de novembro aconteceu a 2ª Residência Artística do grupo Teatro Ludos, momento em que por sugestão da diretora Clarice Costa o método de amarração e imobilização de corpos, de origem japonesa, conhecido como Shibari foi assimilado ao processo e escolhido como elemento central para o ato final do espetáculo. Performado em casal por Pedro Galdino (Paulo Honório) e Gabriela Silva (Madalena), essa prática que utiliza-se de cordas de juta, apresentada em cena criou uma visualidade erótica, violenta e desconfortável.


Também neste estágio do processo foram absorvidos como objetos cênicos duas grandes mandalas brancas de crochê, com fios de malha pendentes, essas quando manipuladas pelos intérpretes de maneira intuitiva e intensa, geram uma espécie de dança circular, desencadeando uma espécie de transe que finaliza-se com o descanso dos artefatos sugerindo uma lua cheia no canto do cenário.

Por fim, um enorme penetrável de fios de malha pendentes, nas cores vermelho, azul e amarelo, foi instalado na entrada do local de apresentação do espetáculo, o qual podia ser adentrado pelos espectadores no momento de sua chegada ao teatro.


A estreia do espetáculo Bordados se deu no dia 19 de novembro, às 17 horas no teatro La Cena, da Universidade Federal de Goiás - UFG e sua relevância encontra-se no seu posicionamento emancipatório construído através de uma proposta metodológica ativa e coletiva, que une o bordado, enquanto técnica ancestral, tradicional, mas também contemporânea e subversiva ao texto consagrado e atemporal, São Bernardo de Graciliano Ramos, para estudo e revisão das contradições, conflitos e oposições presentes na construção histórica do Brasil.

Por meio de uma montagem universitária, sem patrocínio ou custeio externo fez da precariedade do sistema de incentivo à cultura vigente um impulso de criatividade e resistência e utilizou-se da produção e reflexão sobre os fazeres e saberes manuais têxteis, a construção dramatúrgica e o ensino das artes um dispositivo para produção de narrativas de libertação.


1 Graduada em Artes Plásticas Licenciatura e Bacharelado pela Universidade de Brasília (2011), possui Especialização em Educação em Patrimônio Cultural e Artístico (2019). Atualmente é professora pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, cursa o mestrado PROF-ARTES pela Universidade de Brasília/UnB e integra o grupo de extensão Teatro Ludos, pela Universidade Federal de Goiás.

2 O Teatro Ludos iniciou suas atividades no 2º semestre do ano de 2016, como um Projeto de Pesquisa e Extensão e chegou a contar com 14 discentes. Ele tem por objetivo aprimorar a formação de professores para o ensino do teatro, de intérpretes teatrais, de pesquisadores nas artes da cena, assim como a realização de produções cênicas por meio de processos criativos.

Disponível em: https://www.emac.ufg.br/p/31181-teatro-ludos Acesso em: 1 de junho de 2021



Referências bibliográficas


BARBA, E.; SAVARESE, N. A arte secreta do ator: dicionário de antropologia teatral. Tradução Luís Otávio Burnier et al. São Paulo: Hucitec; Campinas: Editora da Unicamp, 1995.

BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1991 (livro escrito até fins de 1973 em Buenos Aires).

RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 71ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SIMIONI, A. P. C., BRAZ, J. Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte, Catálogo de exposição. SESC Pinheiros, 2020.



Elisa Santos possui graduação em Artes Plásticas, Licenciatura e Bacharelado pela Universidade de Brasília (2011) e Especialização em Educação em Patrimônio Cultural e Artístico (2019). Atualmente é professora pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal e cursa o mestrado profissional em artes, PROF-ARTES, pela Universidade de Brasília.




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