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O Festival que reúne artesãos de diversos locais do Brasil acontece até o próximo dia 25 de agosto, na Casa das Caldeiras, em São Paulo.



Durante os cinco dias de Festival, das 11h às 21h, mais de 70 criativos (designers, artistas, artesãos) de várias regiões do país expõem seus trabalhos ao público. Moda autoral sustentável (slow fashion); Joalheria artesanal; Design em madeira; Cerâmicas; Acessórios; Objetos de décor; Cosmetologia natural; Arte; Intervenções artísticas; Música; Alimentos artesanais; Gastronomia diversa e autoral são os temas que norteiam essa edição.


Uma das exposições que valorizam o fazer com os fios é a Enlace - Conectar a si que a reflete sobre os impactos da modernidade nas relações humanas - das profundas conexões aos amores líquidos. A exposição propõe uma intensa interação com o público por meio de peças constituídas de recursos têxteis e textuais, que vão poder ser tocadas e “vestidas” pelos visitantes. 

Criada pelas mãos, agulhas e poesias dos artistas Bia Moraes, Rayanne Portugal e Thiago Rezende, a experiência sensorial é um convite para sentirmos novamente os mais belos e vulneráveis sentimentos de liberdade, emoções que aprisionam, a violência em cada distância silenciosa.


Além disso, há também a Instalação e Performance: “TRAMAS”, criada a partir da técnica tradicional do tricô, que propõe uma reflexão sobre o fazer manual e a potência do contato entre as pessoas. A ação tem a participação das artistas Cristiane Bertoluci, Mari Peres e Tainá Denardi e conta com duas fases, e no dia 25/08, às 19h, será realizada a performance artística pelas artistas e encerramento da ação. O desenrolar da apresentação ilustra a conexão das pessoas, em paralelo com as redes das relações humanas estabelecidas durante a vida e as possibilidades que se criam a partir da disponibilidade ao encontro e ao compartilhar; além de evidenciar o processo constante de criação e desconstrução de nós mesmos, como sujeitos e sociedade. A performance usa resíduos têxteis, a malha, como matéria-prima e uma forma de símbolo da efemeridade e frivolidade das relações atuais e da lógica mercadológica de tempo e consumo aplicada às relações humanas.


Destaca-se também o trabalho idealizado por Bia Morais, a micro composição Centelha, que propõe um olhar cuidadoso e detalhista aos fios, e a instalação: “ANCESTRALIDADE”, tear aéreo em fios de arame, feito pelo artista Guilherme Lima (foto).


O Festival Craft Brasil tem curadoria de Nondas Okiama, comunicólogo e criador da empresa de curadoria que leva o mesmo nome.


Serviço:

4º Festival CRAFT ART BRASIL 

De 21 a 25 de agosto - Grátis

Horário: Das 11h às 21h

Casa das Caldeiras

Av. Francisco Matarazzo, 2000 - Água Branca

Metrô Barra Funda - Próximo ao Allianz Park


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Coletivos Meiofio e TeceLãs confeccionaram trabalhos em crochê que foram expostos pelas ruas de Trivento





Artistas têxteis do mundo todo se reuniram para realizar uma intervenção urbana coletiva, com malhas de tricô e crochê, pelas ruas de Trivento, na Itália. Realizado nos dias 9 e 10 de agosto, Nesse ano, o Yarn Bombing Day de Trivento, evento organizado Un Filo Che Unisce, contou com participação brasileira. Os coletivos Meiofio e Tecelãs, ambos de São Paulo, que confeccionaram peças únicas para o evento, apoiados pela Círculo S/A.



O Yarn Bombing Day é uma intervenção artística urbana, que consiste em usar fios e também as técnicas de crochê e tricô para preencher e ressignificar espaços, como grades, postes, pontes, árvores, entre outros. Para as ruas de Trivento, o coletivo Meiofio reproduziu a padronagem da calçada de São Paulo. “Levamos um pedacinho da nossa cidade para a Itália. Foi um projeto bem grande, com 15 metros de largura por 1,2 metro de comprimento e contou com a colaboração de muitas mãos”, comenta Nara Rossetto, uma das idealizadoras do Meiofio. Mais de 20 pessoas colaboraram com a confecção da malha em crochê ao longo de cinco meses. O trabalho contou com cerca de 200 novelos.



Já o coletivo TeceLãs optou pela criação de um painel de 2,5 metros de largura por 2,5 metros de comprimento, representando a flora brasileira. convidamos a Camila, do Coletivo TeceLãs, para dar seu depoimento sobre o evento:


"O convite para participar do Yarnbombing Day em Trivento foi uma surpresa. Tínhamos pouco menos de um ano de coletivo formado e abraçamos o trabalho com muito amor e dedicação.

Decidimos o conceito, tema, tamanho e cores juntas, mas trabalhamos separadamente nossas flores e folhas. A ideia era representar o Brasil sem estereótipos e escolhemos a nossa flora. Quase um mês depois nos reunimos para a montagem final do painel de 2.5x2.5m e foi uma alegria ver o resultado do trabalho feito à dez mãos.


Chegar em Trivento e ver obras tão diferentes e tão maravilhosas feitas com a mesma técnica foi emocionante. Os 70 trabalhos estavam espalhados pela cidade, um mapa com a localização de todas e uma rota a seguir guiava os visitantes. Cada curva uma surpresa!


Um verdadeiro museu a céu aberto.


Nosso trabalho era número 59, a expectativa já estava enorme quando finalmente cruzei um beco estreito, me deparei com uma pequena praça e lá estava o nosso "jardim" debaixo de uma parreira carregada de uvas. Uau, me arrepiei.




Fiquei ali sentada por algum tempo observando a reação dos outros visitantes. Mamma mia! Foi o que mais ouvi naqueles minutos. Quer coisa melhor? Missão cumprida e objetivo atingido. Foi mágico!"


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Atualizado: 8 de ago. de 2019

Por Luiza Pontiens



Essa é a versão original enviada pela autora e difere do texto da revista no qual foi feito edição.


O Macramê é um tipo de tecelagem manual, onde precisamos apenas das mãos e do material/fio escolhido para tecer algo. Essa arte se originou na pré-história, quando as primeiras comunidades humanas começaram a desenvolver maneiras de se agasalhar, e proteger ou armazenar seus alimentos. As amarrações de fios descobertas nessa época eram feitas com fibras vegetais (algodão, cânhamo, juta, sisal ou linho) e animais (lãs), e acabaram originando processos de fiação e diversas técnicas de tecelagem (macramê, tricot, crochet).


Como toda sabedoria antiga, há algumas versões sobre sua origem, há registros muito antigos na Turquia, China e Egito, mas parece que a técnica teve destaque com os árabes medievais. O que ninguém tem dúvida é que foi difundida por marinheiros, que usavam suas longas viagens pra criar novos nós e confeccionavam produtos (xales, cintos, bolsas, utensílios de pesca, etc) tanto para uso pessoal, quanto para venda e troca nos portos das cidades que paravam. No Brasil, o Macramê chegou pelos colonizadores portugueses e por isso, há quem tenha ouvido ser chamado de “bróia” ou “brolha”, como a técnica era apelidada em Portugal.

A palavra macramê significa “nó” e se indica que veio por conta dos tecelões turcos que faziam franjas trabalhadas em toalhas barradas, na palavra Migramach, significado “tecido com franjas, tramas ornamentais”.


Nos anos 1970, o movimento hippie dos EUA retomam a técnica. E aí que você talvez lembre da casa da sua avó, ou da sua mãe, ou da senhorinha que morava naquela casa de esquina no fim da sua rua… Nessa época, podíamos encontrar o macramê principalmente em suportes de plantas, feitos em cordões normalmente de juta ou sisal, carregando frondosas samambaias que eram a inveja da rua. Ou nos famosos barrados de toalhinhas, feitas por artesãs, cheias de paciência, trançando aqueles cordões fininhos e com certeza levando bastante tempo pra criar quase uma obra de arte que ia para o lavabo das “visitas”.


De alguns anos pra cá, a técnica começou a dar as caras com uma pegada mais contemporânea. Aparições de tapeçarias de parede e os suportes de planta reinventados, principalmente com o cordão de algodão.


Já mais difundida e com material didático facilmente encontrado na internet, acredito que interessados em trabalhos manuais, para uso profissional ou não, tem se encorajado a experimentar e criar diferentes tipos de projetos.


São incontáveis os “objetos” finais que podem ser encontrados tanto no Brasil quanto no mundo todo. Painéis decorativos, suportes pra plantas, acessórios, vestuário, chaveiros, bolsas, sapatos, cortinas, instalações de arte, utilitários, móveis e a lista continua sendo diversificada.

Hoje em dia, conseguimos inclusive começar a identificar vertentes diferentes dentro da técnica, como o estilo Boho/Hippie, mais carregado na variedade de nós e formatos de bandeira, ou criações minimalistas e conceituais, e não por isso menos elaboradas. (Exemplos aqui classificados totalmente ao meu ver, e quem sabe mais pra frente, oficialmente denominadas pra que eu possa falar com mais propriedade). rs


Eu, Luiza, chego nessa história alguns anos atrás, quando o Macramê começa a voltar em evidência, e quando acabei encontrando nos trabalhos manuais uma nova maneira de criar, compôr e me expressar... Aprendi tapeçaria, macramê, encadernação e várias técnicas artesanais, mas usar as mãos era essencial, absurdamente terapêutico e, assumo, muito viciante! Hoje, tenho um ateliê de criação e produção chamado Mentha, e uso as técnicas de tapeçaria e macramê para fazer itens de decoração.


No meu dia a dia, sou extremamente inspirada por cores, pela natureza e pela minha bagagem trabalhando muitos anos como fotógrafa. Gosto muito de “sair da caixinha” e de encontrar maneiras de diversificar uma técnica já muito explorada, mas ainda cheia de possibilidades. O reaproveitamento de materiais e cuidado com o “lixo” gerado é extremamente importante na minha produção, arremates são sempre guardados e aproveitados em próximos projetos. Sou exploradora de armarinhos antigos, (quanto maior a bagunça, melhores os achados), “sacoleira moderna” profissional (porque nunca consigo escolher um fio só e acabo com mais sacolas que imaginei. Além de sempre andar com uma ecobag com algum projeto em andamento.) e, quando consigo, acho um tempinho para dar oficinas de Macramê para iniciantes (que normalmente acabam sendo maravilhosas trocas de boas energias entre mulheres).

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