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Na última semana a hastag #diversknitty ganhou força nas comunidades de tricô das redes sociais. No dia 7 de janeiro, Karen Templer, dona da Fringe Supply Co., publicou um texto em seu blog intitulado "2019: O meu ano da cor", no qual descreve seus objetivos para o ano novo: usar mais cor e viajar pela primeira vez para a Índia. Karen diz ter o desejo de conhecer o país desde a adolescência, mas usa analogias extremamente infelizes para descrever sua vontade, associa sua viagem com a colonização de Marte ou afirmando que os indianos vestes roupas rosas e coloridas.


Embora Karen tenha pedido desculpas no dia seguinte a sua postagem (após receber centenas de críticas por ele), o texto, escrito de uma perspectiva ocidental de fetichizar e romantizar outras culturas, levantou questões sobre desequilíbrio racial, privilégios e, principalmente, a a falta de diversidade na comunidade de tricô e artes têxteis.


Dezenas de mulheres, homens e pessoas não binárias negros, orientais e latinos começaram a se manifestar, denunciando casos de racismo relacionados ao tricô, como serem ignorados ou seguidos por seguranças em armarinhos, serem confundidas com outras pessoas da mesma etnia ou serem classificadas como aquela "tricoteira negra ou asiática",e exigindo mais diversidade no meio. Umas principais vozes a falarem sobre o assunto foram @thecolormustard, @nadiratani, @ocean_bythesea, @astitchtowear, @su.krita. Cada stories ou posts delas é uma aula sobre preconceito.


Na URDUME já falamos sobre como no Brasil a desvalorização do artesanato tem origem na mesma raiz do racismo estrutural do país, a escravidão.

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A Revista Urdume é uma publicação independente sobre artes manuais têxteis, expressão e autoconsciência brasileira que será lançada oficialmente em fevereiro de 2019.


Idealizada por Estefania Lima, comunicóloga, mestra em ciências e artesã à frente da URDUME, a revista pretende levar ao público um conteúdo de reflexão e olhar ampliado sobre o fazer com as mãos e os seus desdobramentos.


O projeto que tem como carro chefe a revista impressa, inclui também uma comunidade de membros com promoções, descontos especiais para eventos e envio mensal de newsletter com conteúdo especial para aqueles que aderirem ao plano mensal de membro investidor. Ao longo do ano será lançado também o podcast e o canal do youtube URDUME.


Confira abaixo como participar:




Assinando o plano de membro-investidor você paga R$12 por mês e recebe:


Edição impressa e digital da revista; Frete grátis; Newsletter mensal com conteúdo especial; Participação na comunidade URDUME; Descontos especiais em cursos e eventos; Participação em promoções e sorteios exclusivos;


Contribui efetivamente para a manutenção do projeto;





Adquirindo a assinatura da Revista Impressa R$92,80 por ano e recebe:


Edição impressa e digital da revista; Descontos especiais em cursos e eventos; Participação em promoções e sorteios exclusivos.















Ou você pode adquiri antecipadamente a nossa primeira edição por R$ 23,20 (R$17,90 valor da revista + R$ 3,50 valor do frete)









Ficou com alguma dúvida, deseja anunciar, apoiar ou patrocinar a revista? Escreva para estefania@urdume.com.br


*válido para território nacional. Para você que mora no exterior, em breve lançaremos a assinatura da revista digital.

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Por Gustavo Seraphim





Minha mãe é uma mulher multitarefa, passa todo o tempo resolvendo coisas. Na infância lembro dela tricotando em casa, quieta, com suas mãos ágeis, dedos fortes e grossos. Esse era um dos poucos momentos em que a via parada, sentada e concentrada em apenas um assunto. O tricô era uma prática relativamente comum entre as mulheres da família: avós, tias e primas faziam blusas, meias e toucas para as crianças todos os anos. Obviamente essa prática nunca me foi ensinada, afinal meninos aprendem e brincam com “coisas de meninos”, por isso cresci jogando bola e videogame e brincando com bonequinhos do Comandos em Ação.


Comecei a mexer com as agulhas e lãs com quase quarenta anos, estimulado pelo processo vivido pela minha esposa Estefania com o Fios e Ritos, e pelo incentivo às práticas manuais da escola Waldorf em que nosso filho estuda. Na verdade, os trabalhos manuais que não foram aprendidos e desenvolvidos na infância, floresceram com o nascimento do nosso filho. A paternidade despertou minha versão mais sensível e corajosa (“minha porção mulher”, como diz Gilberto Gil), e tem me permitido usar as habilidades manuais para intervir no mundo de forma poética. Através do desenho, da jardinagem, da marcenaria e do tricô, encontrei maneiras de materializar minha criatividade e expressar amor.


A nossa mudança de São Paulo para Curitiba, há cinco meses, em busca de mais qualidade de vida, fez com que despertasse em mim a vontade de estreitar relações com pessoas queridas agora distantes. Assim, passei a fazer peças de tricô para essas pessoas - prioritariamente amigos homens. Teço as peças para essas pessoas rememorando, de coração aberto durante o tramar dos fios, os momentos vividos, as experiências e os laços criados. Depois de prontas as envio por correio acompanhadas de uma carta com algumas lembranças e palavras de carinho. Nutrindo o afeto que tenho por essas pessoas, sinto um prazer quase libertador em poder expressar meus sentimentos sem nós ou amarras.


Com esses gestos tenho aprendido sobre minha relação de afeto com os homens e percebido como nós temos dificuldade em demonstrar e receber carinho, porque não fomos educados para sermos sensíveis, vulneráveis ou falar sobre o amor. Acredito que exercício das práticas manuais possam ser um caminho para que consigamos aprender, mesmo na vida adulta, a fazer diferente com nossos filhos, permitindo que sejam livres, amorosos e felizes. Eu seguirei aqui tricotando minhas relações, demonstrando meu afeto e carinho pelos homens e mulheres do meu convívio, através das tramas dos fios, em busca de minha porção melhor.

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