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Coletivo Pontos de luta se posiciona sobre situações que marcam o nosso tempo



O triste marco de mais de 240 mil vidas pela covid-19 está representado no mais recente bordado publicado no Instagram do Pontos de luta. O coletivo de Belo Horizonte (MG) usa o bordado como linguagem política e registra, por meio de linha e agulha, momentos que refletem uma sociedade marcada pela pandemia.


O coletivo cria obras que envolvem o tema do novo coronavírus, chamando a atenção para a grave situação de Manaus, por exemplo. Os bordados também chamam a atenção para importância da vacina, elogiando a atuação de cientistas brasileiros, especialmente do Instituto Butantan.


Entre as outras ocasiões retratadas pelas bordadeiras e bordadores, está o momento em que o Padre Júlio Lancellotti, com marretadas, retira as pedras que foram instaladas pela prefeitura de São Paulo embaixo de um viaduto para evitar que os moradores de rua se abrigassem ali. A hashtag #vidasnegrasimportam também ganham espaço entre os bordados, lembrando de casos emblemáticos como o das meninas Emily e Rebeca, baleadas por policiais enquanto brincavam na porta de casa, em Duque de Caxias (RJ).




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Publicação busca inspirar, estimular e problematizar a prática das artes manuais têxteis por meio de entrevistas, artigos e textos reflexivos



O Instituto Urdume busca sustentar múltiplos fios para descrever analogias, afinidades eletivas e revelar o ecossistema político, econômico, cultural e social que envolve o labor, o trabalho e as artes manuais têxteis. Lançado no início de 2021, o instituto surge como um desdobramento do amadurecimento da Revista Urdume.


Para contribuir com esse movimento reflexivo e atuante, e como forma de nos aprofundarmos cada vez mais nesta temática, buscamos pessoas que se identifiquem com as nossas linhas de pesquisa, representadas por meio de assuntos como: Cultura material e espaço doméstico, Relações de gênero e masculinidade, Arte e artesanato, Labor, Decolonialismo, Geração de renda, Expressão e autoconsciência, Moda, Ritos e ancestralidade, Cosmotécnicas, Educação e Terapias.


Priorizamos a qualidade de conteúdo independentemente do formato em que ele se apresenta, seja ensaios e artigos ou reportagens e entrevistas. Buscamos textos construídos com base no jornalismo lento, sustentados na reflexão, profundidade e investigação, sempre tendo como ponte de partida pautas interessantes e fontes confiáveis. Ou seja, publicamos textos jornalísticos e pesquisas acadêmicas adaptadas a essa linguagem.

Para colaborar com o Instituto Urdume, seja no site ou na revista, não é preciso ser jornalista profissional, no entanto, é necessário ter habilidade com a palavra escrita. Também é importante estar aberto a aceitar edições, sugestões ou direcionamento no conteúdo.


Tem interesse? Escreva para contato@urdume.com.br


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Aceitar as imperfeições da vida parece contrassenso em uma sociedade que nos cobra exatidão. Contudo, uma antiga filosofia japonesa propõe novos olhares e ritmos ao nosso cotidiano. Oriundo do Zen Budismo – que tem como primeiro princípio a impermanência – o wabi-sabi está presente em diversas artes japonesas, como a cerimônia do chá, a cerâmica, o cultivo do bonsai, o jardim zen e o ikebana.


Esteticamente, o wabi-sabi pode ser identificado pelo minimalismo, pelo que é rústico, assimétrico, irregular, artesanal. Bem como pelo uso de objetos naturais, brutos, como madeira, pedras, metais e plantas; ambientes que transmitem um clima intimista, modesto e de aconchego.


O desgaste em virtude do tempo, a incompletude, a inexorável impermanência e todo tipo de imperfeição não são apenas admitidos, mas percebidos como belos e sublimes. Uma maneira de viver mais confortável perante a vida e suas inevitabilidades, ao acolher aquilo que é como é, já que valoriza a imperfeição das coisas e das pessoas como atributos e consequências na-turais.


No Japão, há outra filosofia chamada kintsugi, que é análoga ao wabi-sabi. A arte do kintsugi, que consiste em colar com laca espanada, ouro, prata ou platina objetos que se quebra-ram, enaltece a marca na peça que conta sua história única. Da mesma forma, considerando o lado comportamental, uma mudança de ponto de vista pode nos levar a enxergar a beleza que reside também naquilo que é imperceptível ou menos-prezado. Ao respeitar os ciclos do tempo, nos permitimos encarar nossas cicatrizes como um meio de honrar nossa história de vida e manifestar alegria e felicidade.

Outro exemplo é de um material que, recentemente, se tornou popular entre artesãos e designers: o fio de malha. Proveniente de resíduos da indústria têxtil, o que antes era visto como lixo e poluía o meio ambiente, agora é utilizado em trabalhos manuais e ganha um novo ciclo de vida.

Por ser um retalho, o fio de malha apresenta deformidades, como alteração em sua espessura ao longo do novelo, emendas, nós. Além de não ter uma cartela fixa de cores, texturas e composição de suas fibras se comparado a fios que são fabricados. Esses são detalhes que fazem dele um material singular e que, como costumo dizer, colaboram para nos tornar mais flexíveis diante da vida. Os aparentes defeitos que oferece às peças podem ser considerados efeitos, uma vantagem gentilmente concedida pelas artes manuais, que também têm como qualidade a originalidade.


Veja, não é necessário incorporar o wabi-sabi em sua rotina, apenas percebê-lo. Um prato com a borda lascada, uma calça desbotada, aquela mancha de copo na mesa, a tinta descascada na parede, o muro tomado por limo e trepadeiras... As coisas aparentemente mais insignificantes podem ser apreciadas ao invés de vistas como algo velho que precisa ser substituído ou restaurado. Os detalhes contam histórias, revelam vida que pulsa em ritmo orgânico.

No wabi-sabi, tudo é compreendido pela experiência, pelo processo e a partir da ação do tempo. Assim como saudade, wabi-sabi não tem tradução em nenhum idioma. Extrapola o sentido de qualquer palavra ou definição e requer apenas um estado de disponibilidade, humildade para aceitar a vida como ela se apresenta, crua, com suas limitações e fragilidades, sem que isso seja necessariamente ruim.



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